A divulgação do resultado do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), no qual o Brasil aparece como um dos 20 países com pior desempenho nas disciplinas Matemática, Português e Ciências, trouxe de volta um debate que nunca deveria ter deixado de estar em foco: a necessidade de colocar a educação como uma política central de Estado. É preciso haver uma política de educação pensada a longo prazo e estruturada na universalização do acesso, valorização dos professores e modernização permanente do ensino, aliada a um projeto de desenvolvimento socioeconômico que permita condições gerais de melhor aproveitamento para os alunos.
O resultado decepcionante da avaliação de estudantes brasileiros reflete um país de grandes desigualdades, onde a educação, via de regra, é projeto de governos, descontinuado a cada troca de governantes. Isso precisa mudar.
Agora, no Maranhão, estamos vivendo um momento muito produtivo. O governo está fazendo a lição de casa, valorizando o salário dos professores; construindo escolas dignas; distribuindo renda para a compra de materiais escolares e fardamento. Esse momento precisa ser perpetuado e cabe à sociedade cobrar que isso ocorra, pois é necessário mais que 4 ou 8 anos para mudar uma realidade histórica.
Um exemplo disso é que na década de 1980, o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola inaugurou cerca de 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), para oferecer ensino em tempo integral e de qualidade. Hoje, apenas 150 dessas escolas seguem com ensino integral. E o que prometeu ser o início de uma revolução educacional, perdeu-se ao longo do tempo nas gestões caóticas que sucederam a Brizola no Rio.
Atualmente, o espaço que as escolas não ocupam mais na vida dos jovens está sendo ocupado pelo crime organizado.
Isso não pode acontecer. É preciso haver um investimento continuado, independente de quem seja o governante, pensado para décadas. Portugal, por exemplo, levou 40 anos para recuperar o seu sistema de ensino.
Temos que seguir o mesmo caminho, recolocando os professores como agentes fundamentais no processo, que precisam receber um bom salário e serem respeitados na sociedade; garantindo recursos para a construção de unidades, especialmente em locais mais pobres ou mais violentos, onde a escola pode ser uma alternativa saudável de mobilização da juventude; modernizando o ensino para acompanhar as mudanças no mundo, inclusive as tecnológicas. Fazendo tudo isso por décadas, sem interrupção, teremos resultados futuros muito melhores.
Em 1982, Darcy Ribeiro já dizia “se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Não construíram e o resultado estamos vendo agora.
Mas não é tarde demais. Nunca é tarde demais quando se trata do futuro das nossas crianças e jovens. É preciso recentralizar a educação como debate fundamental para o Estado brasileiro e escolher o país que queremos para os nossos filhos. Afinal, apesar de vivermos tempos em que é grande o amor pelas armas, a única saída possível para o Brasil é por meio da educação.
Weverton, senador e líder do PDT no Senado