Por Carlos Lula
Milhares de pessoas levantaram mais cedo neste domingo. Saíram de suas casas em direção a unidades de ensino. Hoje, mais de 44 mil candidatos estão a disputar mil vagas no concurso realizado pelo Governo do Maranhão para cargos da saúde, após duas décadas sem concurso. Eu me pergunto se possuem conhecimento sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde em nosso estado. Tantas mudanças significativas alcançadas. Modéstia à parte, hoje contamos com serviços que são referência no Brasil. Os novos servidores da saúde não poderiam desejar chegar em melhor fase.
No Maranhão, os avanços dos últimos 3 anos permitiram um salto importantíssimo na garantia da proteção, prevenção e acesso à saúde da população. Sete novos hospitais e inauguração de serviços de referência, como o Projeto Ninar, a Casa da Gestante e a Unidade de Oncologia Pediátrica. Ações eficazes no combate ao Aedes que reduziram em 74,5% os casos notificados de dengue em 2017. Mais saúde para o nosso povo.
Ainda assim, “uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”. A frase pertence ao primeiro-ministro mais famoso do Reino Unido, Winston Churchill. E assim – permanentemente, desde 2015 – tentam emplacar o discurso do “caos” na saúde pública da rede estadual.
Recentemente o desprendimento de uma tira do forro da UPA da Cidade virou ‘queda de teto’. Souberam?! Mas é assim, enquanto inauguramos hospitais, lançamos concursos, capacitamos profissionais com projetos inéditos como o Saúde em Libras e expandimos os atendimentos pelo interior, alguém se utiliza dos meios que deveriam comunicar serviço, informação, verdade para fazer barulho. O debate político em nosso estado tem a profundidade de uma tampinha de refrigerante. Logo, tenhamos paciência desse discurso cansado que apregoa o caótico.
De fato, palavras não irão preparar os novos profissionais aprovados no concurso – nem mesmo o testemunho de todos os profissionais da Força Estadual de Saúde sobre suas experiências nos 30 municípios de menos Índice de Desenvolvimento Humano seria suficiente. Apenas inseridos no sistema reconhecerão que o caos político nacional, a crise econômica e a mídia oportunista não são impedimentos para garantir expansão de serviços e melhorias no atendimento nas unidades de saúde da rede estadual.
Para citar outras mudanças significativas, desde outubro de 2017, o Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão realiza mais de 200 procedimentos por mês. A meta é alcançar 400 cirurgias. Logo celebraremos as mil primeiras cirurgias. Nunca operamos tanto, a espera também reduziu. Só para recordar, em 2014, o Hospital de Câncer do Maranhão, antigo Geral, realizava 30 cirurgias por mês na área ortopédica.
Imagine que a segunda cidade mais populosa do nosso estado, Imperatriz, contemplou o primeiro hospital de alta complexidade não tem dois anos. Sim, eu estou falando do município com mais de 250 mil habitantes, fundada há mais de 160 anos, responsável pelo maior PIB, entre as cidades do interior. Como estávamos atrasados.
A expansão de hospitais contemplou outras cidades no interior do estado: Santa Inês, Caxias, Pinheiro, Balsas e Bacabal. Como explicar a falta desse serviço tão essencial por tantas décadas? Se todo investimento atual na saúde é praticamente o mesmo de 2014. Como é possível realizar mais agora, no meio da crise, do que antes? Mas, há quem alegue – irresponsavelmente – que estamos matando pessoas. É como disse o pensador francês Victor Hugo, “mentir é maldade absoluta. Não é possível mentir pouco ou muito; quem mente, mente”. Não esperemos outra atitude.
Atuar no âmbito da saúde pública é se acostumar a ser o patinho feio. Trabalhamos enquanto jogam pedras em nosso telhado de vidro. Apenas inseridos no sistema percebemos que lá fora pintam o apocalipse enquanto a vida floresce, se reinventa, renasce aos nossos olhos. Somos pessoas inspiradas a cuidar de outras pessoas. Aos candidatos que serão aprovados, sejam bem-vindos! Pelo Maranhão prosseguimos!