Covid-19 provoca ao menos uma sequela em 65% dos brasileiros, diz estudo

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CNN – Para cerca de 65% dos brasileiros, a infecção pela Covid-19 provocou sequelas, que incluem a perda de olfato e do paladar. Os dados são de uma pesquisa nacional chamada Covitel, que avalia, de maneira mais ampla, por telefone fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis.

Ao todo, nove mil brasileiros, de capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil, foram entrevistados por telefone (fixo e celular).

O questionário trazia perguntas sobre percepção geral de saúde, prática de atividade física, hábitos alimentares, saúde mental e prevalência de hipertensão arterial e diabetes, além de consumo de álcool e de tabaco. Os entrevistados também forneciam informações sobre gênero, faixa etária, raça, escolaridade e situação de trabalho.

Um em cada quatro entrevistados relatou ter infecção por Covid-19 confirmada. Do total de infectados, 8,2% necessitaram de internação, dois terços (64,9%) declararam ter sequelas, e mais da metade (55,1%) afirmou ter mudado algum hábito.

Dentre os infectados, 55,7% relataram morar com alguém que teve a doença e, desse total, 31,7% afirmaram ter se infectado após o início da doença de algum familiar.

Em relação aos tipos de sequelas da doença, a perda de olfato ou paladar foi relatada por 3 em cada 10 pessoas infectadas. Na sequência, problemas musculares foram relatados por 25,5% dos entrevistados; fadiga ou cansaço, por 23,6%; e perda de memória, por 21,3%. Perda de cabelo foi apontada por 19,3% dos entrevistados e falta de ar, por 18,6%. Todas as outras sequelas foram relatadas por menos de 15% da amostra.

Impactos para a saúde

Entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, houve um aumento de 91,8% entre os brasileiros que avaliam negativamente seu estado de saúde, relatando que está ruim ou muito ruim.

Já o consumo de legumes e verduras caiu 12,5% na população em geral. O que também diminui foi a prática de atividade física, com redução de 21,4% na proporção de pessoas que cumprem o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O levantamento destaca ainda as mudanças na saúde mental, com o diagnóstico de depressão aumentando entre os adultos brasileiros. Ao mesmo tempo, outros índices que vinham melhorando nos últimos anos, como o tabagismo, tiveram a tendência positiva interrompida, se mantendo estagnados.

A pesquisa é desenvolvida pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a partir da articulação e financiamento da Umane, com apoio do Instituto Ibirapitanga e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Doenças crônicas não transmissíveis

No Brasil, cerca de 70% das mortes são causadas por consequências das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNTs) e seus agravos.

O Covitel surgiu para contribuir com a construção de conhecimento sobre a influência da Covid-19 nos fatores de risco que levam ao aumento das prevalências de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas”, explica Thais Junqueira, Superintendente Geral da Umane.

A pesquisa contou com um bloco de perguntas sobre a Covid-19 e vacinação. Os entrevistados ainda foram questionados sobre seus hábitos em dois períodos: o pré-pandemia de Covid-19 e o primeiro trimestre de 2022, quando as entrevistas foram realizadas e as vacinas contra a Covid-19 já estavam amplamente disponíveis.

O Covitel mostrou que a pandemia atrapalhou o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, aumentando alguns comportamentos de risco, como a inatividade física”, reforça Pedro Hallal, professor titular da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e um dos coordenadores da pesquisa.

A redução da prática de pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana aconteceu ao mesmo tempo em que os hábitos alimentares pioraram, com a diminuição do consumo de verduras e legumes, por exemplo. O único destaque positivo com relação a alimentação foi a redução de consumo de refrigerantes e sucos artificiais, que caiu 25,4% no Brasil”, acrescenta Hallal.

Segundo a pesquisa, entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, foi registrado um aumento de 41% no diagnóstico médico de depressão. Entre as mulheres houve aumento de 39,3%, e nas pessoas com maior escolaridade (12 anos ou mais de estudo), 53,8%.

Os indicadores relacionados à prevalência de diagnóstico médico confirmado para hipertensão e diabetes revelaram que não houve aumento estatisticamente significativo entre os períodos da pesquisa. No entanto, a pandemia pode ter atrapalhado o diagnóstico oportuno das doenças, dizem os especialistas.

Essa estabilidade pode estar vinculada ao menor acesso a diagnóstico médico no período de isolamento social, quando as pessoas deixaram de procurar os serviços de saúde, prejudicando, consequentemente, os tratamentos oportunos para essas importantes questões de saúde”, explica Luciana Sardinha, Assessoria Técnica de Saúde Pública e Epidemiologia da Vital Strategies e uma das coordenadoras do estudo.

A pesquisa aponta que a pandemia agravou as desigualdades em saúde. Entre os 12 indicadores que tiveram mudanças estatisticamente significativas para o Brasil, o grupo de pessoas que perdeu o trabalho durante a pandemia teve os piores resultados em oito deles.

Enquanto 94,4% das pessoas com maior escolaridade (12 anos ou mais de estudo) tinham completado o esquema vacinal no 1º trimestre de 2022, apenas 76,9% daqueles com menor escolaridade (0 a 8 anos de estudo) tinham tomado todas as doses recomendadas.

Os pesquisadores afirmam que as doenças crônicas não transmissíveis, em grande medida, são evitáveis. “Dados como os trazidos pelo Covitel são fundamentais para a vigilância em saúde, orientando as prioridades, o planejamento e ações relacionadas às políticas públicas de saúde”, afirma Pedro de Paula, diretor-executivo da Vital Strategies.

DELTAN/JANOT: Um dia é da caça, o outro é do caçador

Deltan e Janot

ConJur A 2ª Câmara Ordinária do Tribunal de Contas da União condenou o ex-procurador Deltan Dallagnol, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o procurador João Vicente Beraldo Romão a restituir aos cofres públicos R$ 2,8 milhões (valor atualizado) gastos com diárias e passagens de membros da finada “lava jato”.

Com isso, Dallagnol, pré-candidato a deputado federal pelo Podemos no Paraná, fica inelegível, segundo especialistas ouvidos pela ConJur. O mesmo vale para Janot, filiado ao mesmo partido, mas ele já havia ficado de fora da lista de candidatos à Câmara pelo Distrito Federal.

Fernando Neisser, presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), explica que a situação pode ser revertida caso a decisão do TCU seja suspensa até a próxima segunda-feira (15/8), prazo limite para registros de candidatura.

O TCU julgou irregulares as contas de Dallagnol, Janot e Romão e considerou que eles praticaram atos “antieconômicos, ilegais e ilegítimos” que podem caracterizar atos de improbidade administrativa. Tais condutas devem ser examinadas em ação própria pelos órgãos competentes.

De acordo com a Lei da Ficha Limpa, ficam inelegíveis por oito anos “os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário”.

Apesar de o TCU não ter confirmado expressamente a ocorrência de improbidade, o advogado eleitoralista Thiago Fernandes Boverio explica que a jurisprudência é sólida no sentido de que, no registro de candidatura, a própria Justiça Eleitoral pode interpretar se a conduta configura ou não ato doloso de improbidade. Segundo ele, dificilmente a decisão será afastada no registro de candidatura.

O caso

Procuradores de outras cidades foram indicados para atuar na “lava jato” em Curitiba e receberam ajuda financeira como se estivessem em uma situação provisória de trabalho, em vez de ser oficialmente transferidos para a capital paranaense.

O ministro Bruno Dantas, relator do processo, considerou que faltaram estudos mínimos para avaliar alternativas e demonstrar tecnicamente que o modelo de gestão adotado era “o que melhor atendia ao interesse público”.

O ofício que solicitou a instituição da força-tarefa não mencionou custos dos trabalhos, nem critérios que justificariam a escolha dos membros. Dos seis procuradores originalmente designados, cinco não estavam lotados em Curitiba. Três eram procuradores regionais da República — que têm atribuições nos Tribunais Regionais Federais, e não em ações investigativas na primeira instância.

O relator também ressaltou que os critérios de seleção nunca foram tornados públicos. Por isso, outros procuradores não tiveram oportunidade de se candidatar aos quadros da força-tarefa.

Romão, chefe da Procuradoria da República no Paraná e signatário do documento, pediu a locação de um imóvel para abrigar as atividades da “lava jato”. Para Dantas, isso demonstraria que, à época, já se sabia que os trabalhos durariam muito mais do que os cinco meses inicialmente autorizados.

De acordo com o ministro, a opção adotada não representou o menor custo possível. Em vez disso, garantiu aos procuradores “o auferimento de vultosas somas a título de diárias”, sem limitações para que os valores não extrapolassem o razoável. As circunstâncias indicariam “uma atuação deliberada de saque aos cofres públicos para benefício privado”.

Gastos

Dantas lembrou que os procuradores já recebiam auxílio-moradia, um benefício criado justamente para custear “despesas transitórias de acomodação de média duração”.

Dos R$ 3,25 milhões gastos com o deslocamento e estadia dos procuradores, R$ 2,77 milhões (85%) foram destinados a viagens do domicílio oficial de cada um para Curitiba.

O procurador Diogo Castor de Mattos, por exemplo, recebeu R$ 373 mil em diárias entre 2014 e 2019, apesar de residir em Curitiba à época. Ele havia sido estagiário do líder da “lava jato”, Dallagnol, e passou a integrar a equipe logo após ser aprovado no concurso público para o Ministério Público Federal. Mais recentemente, Castor foi demitido por pagar um outdoor em homenagem à força-tarefa.

Já o procurador Orlando Martello Júnior era oficialmente lotado em São Paulo, mas casado com uma procuradora residente na capital do Paraná. Seus deslocamentos e estadias custaram R$ 508 mil de 2014 a 2021.

Responsabilidade

A decisão pelo pagamento das diárias e passagens foi notada pelos próprios beneficiários. Martello, por exemplo, chegou a consultar a alta administração do MPF quanto à percepção das diárias. A opção foi validada.

Dantas destacou que os procuradores chamados a Curitiba não foram responsáveis pela escolha do modelo de custeio.

Os verdadeiros responsáveis seriam os membros do MPF que resolveram adotar o formato da força-tarefa: Dallagnol, Romão e Janot. O chefe da “lava jato” participou ativamente da concepção do modelo escolhido e da demanda de recursos materiais e humanos. Romão solicitou a constituição da força-tarefa. Já Janot autorizou a operação. Segundo Dantas, nenhum deles analisou corretamente os custos dos trabalhos.

Fundamentos

Janot alegava que a responsabilidade deveria ser compartilhada com integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), já que as decisões foram aprovadas pelo colegiado.

Mas Dantas apontou que o órgão não tinha a atribuição de decidir quanto a modelos de gestão e custeio da “lava jato”. Tal responsabilidade seria, na verdade, do titular do MPF e dos que propuseram a força-tarefa sem motivar suas escolhas.

Nem mesmo o formato de força-tarefa foi devidamente justificado. Os procuradores alegavam que esse sempre foi o modelo adotado pelo MPF para apuração de delitos complexos que exigiam investigações conjuntas e coordenadas de forma temporária.

Mas a “lava jato” não foi passageira. “Foram sete longos anos em que a complexidade se tornou crescente, sem que houvesse, minimamente, uma reflexão administrativa acerca dos custos”, pontuou o relator. O próprio CSMPF reconheceu que a força-tarefa representou, na prática, uma “unidade administrativa de fato”.

Conforme o inciso II do artigo 227 da Lei Complementar 75/1993, o pagamento de diárias decorre de “serviço eventual fora da sede”. O ministro destacou que isso “claramente não adere à realidade dos integrantes da força-tarefa”.

Os procuradores argumentavam que o pagamento de diárias e passagens seria inerente ao próprio modelo de força-tarefa. Na visão de Dantas, isso levaria “à absurda conclusão de que à gestão administrativa do MPF seria lícito deslocar, de um lado, procuradores lotados no Norte do Brasil para forças-tarefa no Sul e, de outro, procuradores lotados no Sul para forças-tarefa no Norte”.

O relator ressaltou que havia outras alternativas. Em 2014, já existia uma norma do MPF que regulamentava o modelo de Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Já o modelo de forças-tarefa não era normatizado e foi “aprovado mediante atos precários e institucionalmente lacunosos”.

Os responsáveis sequer consideraram outras opções quando adotaram o modelo, nem mesmo depois de consultas internas ao longo do tempo. “Pelo contrário, as informações indicam que tinham plena ciência da desproporcionalidade dos valores recebidos”, assinalou o ministro.

Os procuradores alegavam que a adoção do Gaeco era difícil à época, porque ainda não havia remuneração definida em lei. Assim, poucos membros se interessavam em assumir o trabalho extraordinário.

Para Dantas, isso revelaria que “um mecanismo artificioso de remuneração adicional foi necessário para motivar os procuradores a assumirem trabalhos menos cômodos, já que o subsídio equivalente ao teto do funcionalismo público, somado ao benefício de auxílio-moradia, não era suficiente para mantê-los ‘interessados’ em exercer as atribuições que a sociedade brasileira ordinariamente deles espera”.

Perseguição

Em nota, Deltan Dallagnol alegou estar sendo perseguido e informou que vai recorrer da decisão ao Plenário do TCU. Leia a íntegra da manifestação:

A respeito do julgamento pela 2ª Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as diárias da operação Lava Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol esclarece o seguinte:

1. A 2.ª Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) entra para a história como órgão que perseguiu os investigadores do maior esquema de corrupção já descoberto na história do Brasil. O órgão se junta àqueles que, ao invés de condenar o desvio de bilhões de reais de recursos públicos, decidem condenar aqueles que se dedicaram arduamente ao combate à corrupção. Trata-se de uma absurda inversão de valores que não encontra eco na opinião pública.

2. A decisão dos ministros desconsidera o parecer de 14 manifestações técnicas de 5 diferentes instituições (MPF, TCU, MP-TCU, ANPR e JF) que referendaram a atuação da Lava Jato e os pagamentos feitos. Tudo isso com o objetivo de perseguir o ex-procurador Deltan Dallagnol e enviar um claro recado a todos aqueles que lutam contra a corrupção e a impunidade de poderosos.

3. Discordando dos 4 ministros políticos do TCU que condenaram Deltan Dallagnol, todos delatados na Lava Jato, o ministro substituto André Luis, que veio da área técnica e não tem direito a voto, no fim do julgamento, pediu a palavra para elogiar ironicamente o ministro relator Bruno Dantas pela coragem de condenar quem combateu a corrupção, contra as manifestações técnicas, enquanto os tribunais estão livrando a cara de quem realmente praticou corrupção.

4. Este é mais um episódio que mostra o quão longe o sistema político quer ver a Lava Jato do Congresso Nacional e até onde o sistema é capaz de chegar para impedir que o combate à corrupção avance no país.

5. Deltan Dallagnol segue firme com o propósito de combater a corrupção, amparado no apoio de mais de 80% da população brasileira que apoia a Lava Jato e está indignada com a impunidade. Prova disso é que sua pré-campanha já arrecadou mais de R$ 230 mil por meio de uma vaquinha virtual, um dos maiores valores arrecadados por pré-candidatos por meio desta modalidade.

6. A decisão da 2.ª Câmara do TCU não torna o ex-procurador inelegível, já que a lei determina que se tornam inelegíveis apenas “os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário” (art. 1º, inciso I, alínea “g”, da Lei Complementar 64/90).

7. A defesa do ex-procurador vai recorrer da decisão ao Plenário do TCU, o que tem efeito suspensivo, ou seja, suspende os efeitos da decisão.

8. Deltan reafirma seu compromisso com o Brasil e acredita que a resposta aos ataques do sistema, coordenados por políticos corruptos, virá das urnas em outubro.

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TC 006.470/2022-0

Ministra Cármen Lúcia é reconduzida para mais um biênio no TSE

Ministra Carmen Lúcia

Na abertura da sessão plenária desta quarta-feira (3), o Supremo Tribunal Federal (STF) elegeu a ministra Cármen Lúcia para atuar por mais um biênio como ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No dia 4/8, ela completa o primeiro biênio na Corte eleitoral.

Hoje, compõem o TSE, nas vagas destinadas ao STF, os ministros Edson Fachin (presidente), Alexandre de Moraes (vice-presidente) e Ricardo Lewandowski, nos cargos de ministros efetivos, e Cármen Lúcia, Nunes Marques e André Mendonça, nas vagas de ministros substitutos. Com o término do mandato do ministro Fachin, o ministro Alexandre de Moraes assumirá a Presidência do TSE no dia 16 deste mês e conduzirá as eleições gerais de 2022, em outubro.

Composição do TSE

O TSE é composto por sete ministros: três são originários do Supremo Tribunal Federal, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois são representantes da classe dos juristas. Para cada ministro efetivo, há um ministro substituto.

Santander é condenado em R$ 275 milhões por metas abusivas, assédio moral e adoecimentos mentais

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A 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região manteve a condenação do Banco Santander em pagar indenização no valor de R$ 275 milhões por danos morais coletivos em razão de metas abusivas, adoecimentos mentais e assédio moral.

Uma das determinações judiciais obriga o Banco a não adotar metas abusivas, nem permitir, tolerar ou praticar, por seus gestores e prepostos, práticas que configurem assédio moral, como humilhações, xingamentos, ameaças de demissões, constrangimentos, coação, agressão, perseguição, entre outros. Atitudes essas utilizadas com frequência quando empregados não atingem metas comerciais e são responsabilizados pela redução de pontuações em razão do resgate de aplicações e encerramento de contas.

O acórdão do desembargador do Trabalho Dourival Borges de Souza Neto ressalta que “os diversos depoimentos transcritos na sentença dão nítida ideia do abalo emocional e psíquico impingido pela sistemática organizacional de fixação de metas de produção, mediante cobrança truculenta pelos gestores, seja diretamente ao empregado ou por meio de reuniões com exposição vexatória, cujas metas deveriam ser cumpridas a todo custo”.

A decisão do tribunal conclui pela existência de um “grande número de empregados que foram acometidos de doenças mentais, transtornos psíquicos, síndrome do pânico, estresse e depressão”.

Apesar de o banco argumentar que dispõe de conduta institucional contrária ao assédio moral, a decisão observa “a ausência de efetividade na extirpação de condutas inadequadas no trato pessoal dos empregados por parte de seus prepostos. Resta-lhe, de toda sorte, a culpa pela imposição de metas abusivas a serem alcançadas a todo custo”.

O desembargador do Trabalho Grijalbo Coutinho em seu voto convergente constata “que as provas produzidas revelaram a ocorrência de tratamento humilhante, inadequado e discriminatório no meio ambiente de trabalho”, asseverando que “na solução da presente controvérsia, interessa, antes de tudo, o bem-estar das pessoas e o respeito ao conjunto de atributos morais e éticos preservadores da dignidade humana, o que não foi observado pelo Banco Santander”.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) avalia que “a conduta ilícita do banco reveste-se de elevada gravidade. Ao exigir dos bancários metas abusivas e cobranças excessivas, comete assédio moral, grave violação aos preceitos constitucionais que asseguram o trabalho decente, a saúde, a vida digna e a redução dos riscos inerentes ao trabalho”.

As decisões judiciais se aplicam em todas as agências e empregados do Banco Santander S.A no Brasil.

Entenda o caso

Em 2014 e 2017, o MPT ajuizou 2 ações civis públicas contra o Santander, após ter comprovado em inquéritos civis a prática de assédio moral e outras violações aos direitos fundamentais dos bancários.

O banco, de acordo com as investigações, estabelece metas extremamente elevadas com aumentos constantes, sobrecarga e cobranças excessivas aos funcionários que são ameaçados de demissão quando clientes fazem saques de aplicações.

Nos autos dos processos, foram aplicadas avaliações de sofrimento mental nas quais concluiu-se de que os bancários do Santander têm níveis de sofrimento extremo em decorrência das graves inadequações no meio ambiente do trabalho.

De acordo com os dados apurados pelo MPT, em apenas uma das agências do banco, 43% dos empregados declararam “ter pensado em dar fim à sua vida”. Outros resultados da pesquisa, na mesma unidade, apontam que 43% dos colaboradores sente-se inútil em sua vida, 86% têm dificuldade de pensar claramente e de tomar decisões, 100% sentem-se triste, 86% dormem mal, 100% sentem-se nervosos, tensos e preocupados, 86% assustam-se com facilidade e 43% têm tremores nas mãos.

Foi concluído também que, de 2012 a 2016, 6.763 bancários se afastaram com a concessão de auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desse total, 1.784 são ou foi empregado do Banco Santander, o que significa 26,38%.

Em 2019, o Juiz da 3ª Vara do Trabalho de Brasília Gustavo Chehab julgou parcialmente procedente as ações civis públicas ressaltando que “em 2014, a média de afastamentos por acidente e doença mental ocupacional no Santander foi de dois empregados por dia” e que se for levando “em conta apenas os dias úteis (segunda-feira a sexta), são quase três trabalhadores por dia de trabalho”, ou seja, “em média, a cada 2h48 um empregado do réu desenvolveu doença ocupacional mental”.

Segundo a sentença, o Banco Santander S.A figura entre as empresas que mais geram adoecimentos mentais no Brasil e explica que “se o réu fosse posicionado na relação de maiores incidências de transtornos mentais ocupacionais, ocuparia a sétima posição, a frente de atividades econômicas inteiras como hipermercados e telemarketing”.

A decisão de primeiro grau alertou que, além de o dano causado ao trabalhador, o adoecimento e consequente afastamento do trabalho também geram danos à economia e à sociedade “entre 2010 e 2015 é possível estimar os gastos totais previdenciários em R$ 57,4 milhões”.

O Banco Santander, terceiro maior banco privado no Brasil, com cerca de 48 mil empregados apresentou lucro líquido de R$ 16,347 bilhões no ano de 2021.

ACP nº 342-81.2017.5.10.0011

ACP nº 253-87.2014.5.10.0003

Senado aprova PEC que amplia pagamento de benefícios sociais

A proposta segue para votação na Câmara dos Deputados. Jefferson Rudy/Agência Senado

O Plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (30) a proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui estado de emergência até o final do ano para ampliar o pagamento de benefícios sociais (PEC 1/2022). Agora a proposta será encaminhada para análise da Câmara dos Deputados.

A PEC prevê R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás de cozinha; para a criação de auxílios aos caminhoneiros e taxistas; para financiar a gratuidade de transporte coletivo para idosos; para compensar os estados que concederem créditos tributários para o etanol; e para reforçar o programa Alimenta Brasil.

Esse valor não precisará observar o teto de gastos, a regra de ouro ou os dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que exigem compensação por aumento de despesa e renúncia de receita.

O reconhecimento de estado de emergência serve para que os pagamentos não violem a legislação eleitoral. A criação de benefícios destinados a pessoas físicas é proibida em ano de eleições. A única exceção é a vigência de estado de emergência (Lei 9.504, de 1997).

Todas as medidas têm duração prevista até o final do ano de 2022.

Auxílio Brasil: R$ 26 bilhões

  • Acréscimo de R$ 200 no benefício mensal (de R$ 400 para R$ 600)

  • Meta: incluir todas as famílias elegíveis (fila “zerada”)

  • Parte do valor poderá ser usado para operacionalização do benefício

  • Será vedado o uso em publicidade institucional

Auxílio Gás dos Brasileiros (vale-gás de cozinha): R$ 1,05 bilhão

  • Parcela extra bimestral no valor de 50% do valor médio do botijão de 13 kg

  • Parte do valor poderá ser usado para operacionalização do benefício

  • Será vedado o uso em publicidade institucional

Auxílio para caminhoneiros: R$ 5,4 bilhões

  • Voucher de R$ 1 mil mensais para cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC)

  • Será concedido para transportadores autônomos, independente do número de veículos eles que possuírem

  • Não será preciso comprovar a compra de óleo diesel no período de recebimento

Auxílio para taxistas: R$ 2 bilhões

  • Benefício para profissionais cadastrados como motoristas de táxi

  • Serão contemplados aqueles cadastrados até 31 de maio de 2022, mediante apresentação do documento de permissão

  • A formação do cadastro e a forma de pagamento ainda serão regulamentadas

Gratuidade para idosos: R$ 2,5 bilhões

  • Transferência para estados e municípios para custear a gratuidade no transporte público para cidadãos acima de 65 anos

  • Distribuído na proporção da população idosa de cada estado e município

  • 40% do valor será repassado para serviços intermunicipais e interestaduais

  • Somente destinado para estados e municípios com sistema de transporte coletivo urbano em funcionamento

Créditos para etanol: R$ 3,8 bilhões

  • Auxílio para estados que outorgarem créditos tributários do ICMS para produtores e distribuidores de etanol hidratado

  • Pagamento em parcelas mensais

  • Distribuído na proporção da participação de cada estado no consumo de etanol hidratado no ano de 2021

  • Estados renunciarão ao direito de pedir indenização por perda de arrecadação decorrente dos créditos outorgados

  • Valor será livre de vinculações, mas deverá ser repartido com os municípios e entrará no cálculo de receita para efeito de investimento mínimo em educação

  • Objetivo é reduzir a carga tributária do etanol para manter diferencial competitivo em relação à gasolina

  • Estados ficam autorizados a “zerar” a tributação sobre a gasolina, desde que façam o mesmo para o etanol

Alimenta Brasil: R$ 500 milhões

  • Reforço orçamentário para o programa, que promove compra de alimentos de pequenos produtores e sua destinação para famílias em situação de insegurança alimentar

Fonte: Agência Senado

Com pedido assinado por Eliziane, Senado celebra Dia dos Discos Voadores

Eliziane Gama

O Senado Federal realiza nesta sexta-feira, 24 de junho, às 10 horas, uma sessão especial para comemorar os 75 anos do Dia Mundial da Ufologia. O evento vai tratar sobre possíveis aparições de objetos voadores não identificados (OVINIs) e vida em outros planetas.

O requerimento, aprovado ainda no dia 16 de março, é de autoria do senador cearense Eduardo Girão (Podemos) e tem ainda a assinatura dos senadores Eliziane Gama (Cidadania-MA), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Izalci Lucas (PSDB-DF), Jorge Kajuru (Podemos-GO), Marcos do Val (Podemos-ES), Paulo Rocha (PT-PA), Senador Reguffe (Podemos-DF).

Na justificativa do pedido para realização da solenidade, destaca-se a campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, lançada ainda em 2004 pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).

O movimento que reuniu simpatizantes e estudiosos do tema pediu abertura de documentos oficiais sobre o assunto para as Forças Armadas.

“Em 2005, os membros da UFO e da CBU foram convidados para comparecer ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, para apreciar estes documentos”, diz o texto assinado por Girão.

Em abril de 1947, ainda segundo justificativa do parlamentar, após uma série de aparições de objetos no céu dos Estados Unidos, “se estabeleceu o que hoje é conhecido como ‘Dia Mundial dos Discos Voadores’, e a data é comemorada anualmente pelos ufólogos”.

Eduardo Girão destaca ainda outras movimentações de brasileiros em busca de de informações sobre vidas extraterrestes e menciona o protagonismo do País na discussão.

Estas são iniciativas únicas no mundo, nunca repetidas ou realizadas em qualquer outra nação, mostrando a liderança do Brasil na área”, diz o parlamentar.

Diário do Nordeste

Presidente da Petrobras pede demissão

José Mauro

Em nota à imprensa, divulgada na manhã desta segunda-feira (20), a Petrobras fez um comunicado oficial sobre mudança na Administração. O presidente José Mauro pediu demissão.

A Petrobras informa que o senhor José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje (20/6). A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora.”

Ainda hoje foi nomeado como Presidente interino da companhia o Diretor Executivo de Exploração e Produção, Fernando Borges, “com base do §4º do art. 27 de seu Estatuto Social, até a eleição e posse de novo Presidente nos termos do art. 20 do Estatuto Social”.

Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski são eleitos presidente e vice do TSE

Ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se reuniu em sessão administrativa nesta terça-feira (14) para eleger, por meio de voto secreto, os próximos presidente e vice-presidente da Corte. Na eleição, conduzida pelo ministro Edson Fachin, foram eleitos os ministros Alexandre de Moraes, para presidente, e Ricardo Lewandowski, para vice. A sessão solene de posse acontecerá no dia 16 de agosto, às 19h.

Perfis

Natural da cidade de São Paulo (SP), Alexandre de Moraes nasceu no dia 13 de dezembro de 1968. Em 1990, graduou-se pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – Universidade de São Paulo (USP) –, onde também concluiu o doutorado em Direito do Estado, em 2000, e obteve a livre-docência em Direito Constitucional, em 2001. É professor associado da USP, tendo exercido a chefia do Departamento de Direito do Estado, no biênio 2012-2014.

Alexandre de Moraes também exerce o magistério na Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde é professor titular pleno, na Escola Superior do Ministério Público de São Paulo e na Escola Paulista da Magistratura, além de ser professor convidado em diversas escolas da magistratura, do Ministério Público, de procuradorias e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Desde 1991, quando ingressou na carreira do Ministério Público do Estado de São Paulo, atuou em diversos órgãos públicos, tendo tomado posse no cargo de ministro do STF em março de 2017, passando a ocupar a vaga aberta em decorrência do falecimento do ministro Teori Zavascki. Foi empossado como membro substituto do TSE em abril do mesmo ano.

Ricardo Lewandoski é natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 11 de maio de 1948. É ministro do STF desde 16 de março de 2006. Ele é doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e master of arts em Relações Internacionais pela Fletcher School of Law and Diplomacy, da Tufts University, administrada em cooperação com a Harvard University.

Antes de ingressar no STF, também foi desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e juiz do Tribunal de Alçada Criminal do estado. Esta é a sua segunda passagem pela Corte Eleitoral; na primeira, presidiu a Casa, de 2010 a 2012.

Composição

O TSE é composto por, no mínimo, sete ministros: três são originários do Supremo Tribunal Federal, dois são do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois são representantes da classe dos juristas – advogados com notável saber jurídico e idoneidade – indicados pelo presidente da República. Cada ministro é eleito para um biênio, sendo proibida a recondução após dois biênios consecutivos. Atualmente, a Corte Eleitoral é presidida pelo ministro Edson Fachi

São Paulo confirma 1º caso de varíola dos macacos no país

Foto Reprodução

O Antagonista O Brasil confirmou o primeiro caso de varíola dos macacos nesta quarta-feira (8) em São Paulo. O paciente, um homem de 41 anos, está em isolamento no Hospital Emílio Ribas. Ele estava na Espanha quando contraiu a doença.

A Prefeitura de São Paulo também monitora o estado de saúde de uma mulher de 26 anos, com suspeita de ter contraído a doença. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) informou que ela passa bem e que seus familiares e pessoas próximas também estão sendo monitorados.

[Os pacientes] Seguem isolados e em recuperação, sendo monitorados pelas equipes de vigilância em saúde. A investigação dos casos está em andamento e será feita coleta para análise laboratorial”, explicou o Ministério da Saúde na segunda-feira (6). No mesmo dia, a pasta informou que no país há 7 casos suspeitos da doença.