Estrutura construída a céu aberto na delegacia de Barra do Corda é demolida

Estrutura demolida em Barra do Corda

A delegacia de Barra do Corda não custodiará mais provisórios. O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) determinou a transferência de todos os onze presos que estavam no local para outras unidades do sistema prisional. A transferência será realizada na madrugada deste sábado (21).

Na tarde desta sexta-feira (20) a Secretaria de Segurança também demoliu o espaço localizado nos fundos da delegacia e que era destinado ao banho de sol, direito garantido por lei às pessoas presas. O espaço também era utilizado na hora das visitas.

De acordo com o titular da Delegacia de Polícia de Barra do Corda, Renilton Ferreira, a estrutura recebia sol durante a manhã e no início da tarde e ficava na sombra após esse período.

Nova delegacia

O Governo do Maranhão também iniciou a construção de uma nova delegacia para o município de Barra do Corda. Realizada por intermédio da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a obra está dividida em duas fases.

A primeira, já concluída, tem orçamento de cerca de R$ 380 mil e compreende a urbanização do espaço, com pavimentação do estacionamento e demais estruturas externas. A segunda etapa, iniciada na última semana, é referente à estrutura do prédio e acabamentos. Estão sendo construídos a fundação e os alicerces para a estrutura do prédio.

A nova delegacia de Barra do Corda terá 324m² de área construída, abrigando um gabinete para delegado e outro para delegado adjunto, salas de contenção e salas de reconhecimento, entre outros espaços. A previsão é que a obra seja entregue já no primeiro semestre de 2018.

Bombeiros resgatam barco à deriva em Panaquatira com 13 pessoas a bordo

Resgate em Panaquatira
Resgate em Panaquatira

O Corpo de Bombeiros do Maranhão resgatou no início da noite desta sexta-feira (20) uma embarcação com 13 pessoas que estava à deriva na baía de São José de Ribamar, na Grande Ilha. Havia crianças e idosos no barco.

A embarcação do tipo biana estava fazendo a travessia da baía quando o motor teve problemas e parou por volta das 16h30. Uma das pessoas a bordo conseguiu fazer uma ligação para os Bombeiros, que deslocaram três equipes para as buscas.

A gente não tinha o local exato e já estava ficando escuro. Mas conseguimos encontrar e fizemos o reboque até o Porto de Vieira, em Ribamar”, conta o coronel Célio Roberto Pinto de Araújo, comandante geral do Corpo de Bombeiros do Maranhão.

A embarcação estava a cerca de 10 quilômetros da costa. Uma mulher passou mal e foi levada para o hospital.

O coronel conta que, além da baixa visibilidade por causa do cair da noite, a força das correntezas foi outro desafio a ser superado. Ele ressalta a determinação dos integrantes das equipes de busca: “são heróis, não desistiram da busca mesmo adentrando pela noite. Permaneceram firmes e conseguiram êxito.”

O barco estava transportando pessoas acima da capacidade.

‘O juiz não pode decidir pelo que pensa a população’; defende ministro do STJ

Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Rogério Schietti em palestra no no Fórum de São Luís
Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Rogério Schietti em palestra no no Fórum de São Luís

O ministro do Superior Tribunal de Justiça, Rogério Schietti, afirmou nesta sexta-feira (20), durante palestra sobre ‘A Prisão Cautelar na jurisprudência do STJ’, que quem lida com a liberdade humana jamais pode tratá-la como um assunto banal. “Todo processo merece adequada atenção daqueles por meio de quem o poder punitivo do Estado atua”, frisou.

Promovida pela Escola Superior da Magistratura do Maranhão (ESMAM), a palestra – que faz parte do projeto “Durante o Expediente” – foi proferida no Fórum de São Luís – com a presença dos desembargadores Paulo Velten (Diretor da Esmam), Froz Sobrinho, José Bernardo Rodrigues e Tyrone Silva; dos juízes Sebastião Bonfim (Diretor do Fórum); José Américo Abreu Costa (Auxiliar da Corregedoria); promotores e servidores do Poder Judiciário.

O ministro Schietti defendeu que o processo legal seja um espaço de cidadania, de respeito à condição humana, de aprendizado civilizatório e de pacificação social. Segundo ele, o instituto da prisão cautelar é uma medida extrema, que deve ser aplicado com critério pelo magistrado. “A prisão preventiva nem sempre é a melhor opção. O normal é que a pessoa responda ao processo em liberdade, para melhor poder se defender”, ressaltou.

Schietti vê a privação da liberdade como algo desonroso, que deve ser usado apenas para hipóteses necessárias. “Nascemos para ser livres. A prisão é medida excepcional. Temos que analisar – dentro do processo – a absoluta necessidade de decretar a prisão. Ver se não cabe substituir a prisão por medidas cautelares alternativas”, afirmou.

O ordenamento jurídico brasileiro na atualidade prevê pelo menos nove medidas cautelares alternativas, entre elas o monitoramento eletrônico, a prisão domiciliar, o arbitramento de fiança e a internação hospitalar.

De acordo com ministro, a prisão preventiva só se aplica em três situações específicas: por necessidade de preservação da ordem pública, para garantir a instrução criminal e para assegurar a própria aplicação da lei. Fora dessas hipóteses haveria o risco de ferir o princípio constitucional da presunção de inocência, fazendo-se uma antecipação de julgamento, quando, às vezes, o processo ainda nem passou da fase de instrução.

Como toda a prisão não decorrente de pena tem caráter provisório – ou seja, só dura enquanto houver a real necessidade – Schietti disse que, ao proferirem sentença, os magistrados precisam reavaliar a situação do preso, para ver se já não é o caso de fazer cessar a prisão. Ele informou que em vários países a lei já determina que a cada período de três ou seis meses, o juiz reavalie o réu, “para saber se ele deve continuar preso ou receber outra medida menos gravosa”.

Ele informou que no STJ há processos de presos há anos, ainda sem julgamento de primeiro grau e casos até de presos sem que haja sequer acusação, o que reflete a precarização do ambiente judicial. “Temos uma estrutura deficiente com poucos recursos humanos e tecnológicos, mas o juiz deve encontrar meios de gerir sua unidade, de modo a que o acusado não seja sacrificado, além do tempo determinado”.

Para se ter uma ideia da enorme demanda que envolve a prisão cautelar, o ministro Rogério Schietti disse que o STJ encontra-se abarrotado de pedidos de habeas corpus. Só em seu gabinete existem 4.000 recursos desse tipo para serem apreciados. Ele julga mensalmente cerca de 1.000 processos e profere diariamente de 40 a 50 decisões, “todas elas analisadas por mim, apesar de haver uma equipe de assessores que me auxiliam”.

O ministro chamou a atenção dos magistrados para o momento do país, em que a sociedade e a imprensa cobram do Poder Judiciário atitudes nem sempre corretas do ponto de vista legal. “O juiz tem que sentir o que acontece no mundo, mas não pode decidir pelo que pensa a população”, porque, a seu ver, isso colocaria em risco o Estado Democrático de Direito.

Sinal vermelho! Governador do Piauí declara falência do Estado

Governador do Piauí, Wellington Dias
Governador do Piauí, Wellington Dias

O governador do estado do Piauí, Wellington Dias, baixou decreto anulando todos os empenhos não liquidados, decretando de vez a falência financeira do estado do Piauí. “É uma declaração de falência do Estado e um grande calote aos fornecedores, muitos irão à falência”, declarou um fornecedor do estado que pediu sigilo do seu nome.

Com essa medida extrema as varas do feito da fazenda pública do tribunal de justiça do estado poderá triplicar o volume de ações contra o Estado.

Foi através do diário oficial do estado de número 17.404, publicado no último dia 06 de outubro, que o governador assinou o tão famigerado decreto que transformou a vida de milhares de fornecedores num inferno astral. A redação do Pauta Judicial recebeu centenas de pedidos para a publicação dessa matéria.

Talvez, nem o governo tenha imaginado o tamanho da repercussão que está no meio dos fornecedores que muitos estavam contando com esses pagamentos para pagar décimo terceiro salários de seus funcionários e arcar com as despesas de pagamentos de fornecedores que venderam para as empresas confiantes que receberiam seus pagamentos.

A redação do decreto que assume a falência da máquina financeira estadual é bastante clara e bem direta: “O saldo dos empenhos não liquidados, referente a fonte do tesouro – fonte 100, serão anulados em 16 de outubro de 2017“, diz o texto. (Veja abaixo)

Decreto

Fonte: Pauta Judicial

Paulo Avelar é eleito novo diretor das Promotorias de Justiça da Capital

Promotor Paulo Avelar

O promotor de Justiça Paulo Silvestre Avelar Silva foi eleito, nesta sexta-feira (20) o novo diretor das Promotorias de Justiça da Capital. Membros do Ministério Público do Estado do Maranhão que atuam na entrância final participaram do pleito.

Foram computados 67 votos, sendo 65 válidos, 1 voto em branco e 1 voto nulo. O procurador-geral de justiça acompanhou o início da votação.

Sobre o resultado da eleição, Paulo Avelar destacou que “a votação foi muito expressiva e nossa expectativa é de que continuar com as ações que já vínhamos implementando nos últimos meses, no sentido de criar condições de servir melhor os membros e servidores e principalmente atender melhor o cidadão que procura o Ministério Público. Contamos com o apoio do procurador-geral de justiça e da Administração Superior para em breve reinaugurarmos nossa sede própria”.

Em junho deste ano, Paulo Avelar assumiu interinamente a Diretoria das Promotorias de Justiça da Capital. Na ocasião, substituiu o então diretor, Ednarg Fernandes Marques, que assumiu o cargo de promotor de justiça-corregedor.

O mandato se estende até 2018. A Comissão Eleitoral foi composta pelos promotores de justiça João Leonardo Sousa Pires Leal, Francisco de Aquino da Silva e Doracy Moreira Reis dos Santos.

Megaoperação contra pedofilia prende quase 100 pessoas; três no Maranhão

Presos no Maranhão, em São Luís e Rosário

A Polícia Civil do Maranhão através do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos (DCCT) da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (SEIC), Laboratório de Lavagem de Dinheiro (LAB) e em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), deflagrou na manhã desta sexta-feira (20), a operação integrada ‘Luz na Infância’.

Com o objetivo de apurar crimes de exploração sexual contra crianças, estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos municípios de São Luís e Rosário.

Material apreendido

Na cidade de São Luís foram presos em flagrante delito Oziel Franklin Estrela Gomes e Alessandro Saraiva Soeiro. Na cidade de Rosário foi preso José Carlos Mesquita Oliveira.  Com os presos foram apreendidos farto material de armazenamento de arquivos de pornografia infantil.

Os alvos da operação Luz na Infância foram identificados através de um levantamento de informações pela Senasp e a Embaixada dos Estados Unidos da América no Brasil. Com base em informações e evidências coletadas em ambientes virtuais, a Polícia Civil instaurou inquérito policial e representou pela busca e apreensão junto ao Poder Judiciário, visando apreender computadores e dispositivos informáticos onde estão armazenados os conteúdos de pedofilia, indiciar e prender os criminosos.

As investigações que resultaram na operação Luz na Infância vêm sendo feitas há seis meses pela SEIC e resultam do aprimoramento do trabalho de inteligência de segurança pública e atuação em modelo de força tarefa, que reúne em um mesmo ambiente de trabalho policiais com expertise e capacitação na repressão aos crimes virtuais e de pedofilia. Um cenário ideal para coletar e preservar evidências criminosas, garantindo, como consequência, a identificação e posterior condenação dos criminosos pela Justiça.

A pedofilia é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença de transtorno da preferência sexual. Pedófilos normalmente são pessoas adultas que tem preferência sexual por crianças pré-púberes ou no início da puberdade. O complexo ambiente da internet e a ausência de fronteiras no mundo virtual são elementos que propiciam terreno fértil à atuação desses criminosos.

A operação envolve mais de mil policiais e está sendo considerada uma das maiores do mundo no combate a esse tipo de crime. A Diretoria de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública contou a colaboração da Embaixada dos Estados Unidos.

A operação ocorre em 24 Estados da Federação. Até o momento já foram efetuadas 97 prisões no país, a maioria em São Paulo.

Médico é preso por estuprar paciente em posto de saúde em Imperatriz

Claumir Barros foi preso por estupro
Claumir Barros foi preso por estupro

Foi preso na manhã desta sexta-feira (20), em Imperatriz, o médico cardiologista Claumir Barros Simões, de 73 anos, sob acusação de ter estuprado uma paciente em um posto de saúde no bairro Três Poderes, em junho.

Hoje, atendendo ao pedido do Ministério Público Estadual, Claumir foi intimado a comparecer na delegacia da cidade onde já havia um mandado de prisão expedido.

A vítima, que não teve o nome revelado, é uma mulher de 40 anos que denunciou o caso no mesmo dia do ocorrido. De cordo com a promotora da 4ª Vara Criminal de Imperatriz, Raquel Chaves, a investigação está concluída com indícios de autoria e materialidade.

Ele nega completamente o envolvimento no fato, mas o processo tem provas contundentes da prática desse delito. Tem diversas perícias que foram feitas pelo Icrim da cidade, que confirmam que ele foi autor desse ato criminoso”, afirmou a promotora.

Após prisão, o médico passará por exames no Instituto Médico Legal e em seguida será encaminhado para uma cela especial no presídio de Davinópolis.

VÍDEO: PDT votará pela investigação a Temer

O líder da bancada pedetista na Câmara Federal, deputado Weverton Rocha, apresentou em plenário o posicionamento do seu partido em relação à segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. “O PDT votará contra o relatório aprovado na CCJ (pela rejeição), pois acreditamos que ninguém pode estar acima da lei, ainda mais o Presidente da República”. (Veja vídeo acima)

Para o deputado, a Câmara tem uma nova chance de ouvir a voz das ruas, onde mais de 90% da população reprovam o governo e pedem a saída de Temer. Na primeira denúncia o PDT já havia fechado questão e votado pela aceitação.

Denúncia contra Temer

O presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por obstrução da Justiça e organização criminosa. A denúncia, que precisa de autorização da Câmara para ter seguimento no Supremo Tribunal Federal, foi rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça e será levada agora para o Plenário, onde para ser aceita deverá ter uma maioria qualificada. A previsão é que a votação ocorra na próxima quarta-feira (25).

Caso a denúncia seja aceita, o STF poderá investigar o presidente. Do contrário, a investigação só acontecerá quando o mandato do presidente acabar, em 2019.

Weverton Rocha conclamou a população a ficar atenta e acompanhar a votação.

Cortes nos Programas Sociais

O deputado também usou seu pronunciamento para condenar o que considera um desmonte do Estado, promovido pelo presidente Michel Temer, com a venda de ativos para pagar a dívida e cortes no social. Ele apontou uma série de retrocessos nas políticas sociais do atual Governo, como o congelamento pelos próximos 20 anos do teto de gastos na Educação e na Saúde e redução nos programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Farmácia Popular e Ciência sem Fronteiras. “O presidente trouxe de volta o fantasma da fome e ainda rasga a Constituição ao alterar as Leis Trabalhistas e ao propor uma Reforma da Previdência sem a devida legitimidade”, afirmou o deputado.

Vitória da impunidade

Em seu discurso, Weverton Rocha destacou também o resultado, que considerou vexatório, da votação no Senado livrando o senador Aécio Neves (PSD-MG) das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, o País está perplexo diante da vitória da impunidade.

Governo emite nota sobre o sistema carcerário do Maranhão

Local onde um preso morreu em Barra do Corda após um AVC
Local onde um preso morreu em Barra do Corda após um AVC

Desde 2015, o Governo do Maranhão vem trabalhando para eliminar celas precárias existentes há décadas no Estado.

Graças à ampliação de vagas com novo padrão, o número de presos temporários em delegacias caiu de 1.600 para menos de 800 este ano.

As três delegacias de Barra do Corda serão assumidas pela Secretaria de Administração Penitenciária para construção de novos prédios com os padrões de modernização hoje utilizados pelo Governo do Maranhão.

Até o início das obras, a estrutura a céu aberto existente na cidade está sendo usada temporariamente para banho de sol e visitas – não servindo para permanência de presos.

No caso específico citado, o comerciante foi preso por estar dirigindo embriagado e ter causado um acidente com vítimas. Durante o período em que esteve detido, chegou a ser levado para atendimento médico, onde foi medicado e liberado.

As circunstâncias da sua morte estão sendo apuradas e eventuais omissões serão objeto de processo previsto em lei.

Inquéritos são dirigidos aos juízes, e não às televisões e jornais

Por Aloísio de Toledo César

Com a posse da nova procuradora-geral da República abriu-se a esperança de que os promotores e procuradores de Justiça não percam de vista que o processo judicial para apuração de crimes deve ser dirigido ao juiz, com muita discrição, e não à opinião pública. Não é aceitável que se repita a conduta de aceitar como verdadeiras acusações revestidas de gravidade, mas que não estão acompanhadas das provas necessárias à sua comprovação. Acusações e alegações não constituem meios de prova, daí o risco de torná-las públicas.

O processo judicial é uma peça técnica que não pode se afastar daquilo que está exposto na lei e consagrado pelo Direito. Como o monopólio de distribuição de justiça e o direito de punir pertencem exclusivamente ao Estado, esse direito de agir deve ser exercido perante juízes e tribunais, jamais voltado para televisões, rádios e jornais.

Nos últimos quatro anos, graças ao magnífico trabalho realizado anonimamente por delegados e procuradores federais de Justiça, o Brasil começou a mudar de cara, com a denúncia e a prisão de pessoas muito ricas, algo que em nossa História apenas havia ocorrido excepcionalmente.

Essas prisões e a exposição de políticos e empresários milionários tiveram o aplauso da opinião pública, mas, lamentavelmente, acenderam fogueiras de vaidades que levaram o ex-procurador-geral Rodrigo Janot a uma verdadeira idolatria aos holofotes, sentindo-se talvez a pessoa mais importante do país, como se a Procuradoria-Geral da República fosse o próprio Estado, e não somente um de seus órgãos.

É inconcebível que se atribuam a um órgão do Estado poderes sem limites e que o procurador-chefe chegue ao extremo de ameaçar as pessoas com flechadas, algo próprio de mentes primitivas, de limitada imaginação. A democracia vale, precisamente, porque os Poderes do Estado são limitados, harmônicos entre si, controlados mutuamente, conforme emergiu da Revolução Francesa. “Il faut (…) que le pouvoir arrête le pouvoir” (Montesquieu).

Espera-se e deseja-se que o formidável trabalho anônimo dos delegados federais tenha sequência, mas nos limites da lei e sempre tendo em vista que o inquérito judicial, como o próprio nome diz, é dirigido aos juízes e tribunais.

É um erro muito grave levar em conta apenas acusações e torná-las públicas antes de manifestação judicial, porque a exposição pública do acusado equivale à antecipação de uma condenação pelo Poder Judiciário, que talvez venha, talvez não venha.

O objetivo de investigar e apontar o autor do delito deve ter por base a segurança da ação da Justiça e do próprio acusado. Tornar públicas acusações, por mais graves que sejam, encerra o risco de irreversíveis danos à sua imagem, não podendo ser ato leviano, desacompanhado de provas.

Essa cautela de investigar e de provar, exclusiva do Estado, tem também por finalidade impedir acusações injustas e temerárias. Realmente, o inquérito bem realizado e com fundamento na verdade ajuda a extirpar dúvidas, mentiras bem construídas e julgamentos fundados em publicidade enganosa.

Importante lembrar que o juiz, ao proferir sua decisão, levará em conta o conjunto de provas efetivas, sem se deixar afetar ou influenciar por acusações que misturam Direito, irritações pessoais e vaidades, ou ameaças de baixo nível, como a de poder atirar flechadas em qualquer pessoa.

O inquérito policial e a ação penal, enfim, não terão o desfecho desejado pelo Estado se não estiverem fundamentados na verdade das provas – e não em impressões, variáveis entre as pessoas (os romanos diziam que duas pessoas não veem a mesma coisa).

Ao concluir o silogismo jurídico, para aplicar a lei e o Direito, o juiz não deverá impressionar-se com as paixões refletidas nos autos. Ele terá sempre em mente que a Constituição federal, ao estabelecer os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, não permite que sem a contrariedade da defesa as provas se mostrem suficientes para condenar o acusado.

Isso dá bem uma ideia de quão longo será o tempo necessário para que os políticos enfeixados por Rodrigo Janot na denúncia do “quadrilhão” façam suas respectivas defesas. À luz da lei e do Direito, poderá haver condenação, mas levará o tempo necessário para o exercício de defesa de cada um dos denunciados.

Se a estratégia do homem das flechadas era colocar o presidente da República, Michel Temer, atrás das grades, como se fosse um feito pessoal seu, é possível que tenha falhado ao incluir outros réus na denúncia, porque tal estratégia amplia em muito o prazo para as defesas. Isso equivale a dizer que Michel Temer poderá ser condenado se as provas o justificarem, mas isso talvez só venha a ser feito quando ele estiver com mais de 80 anos à época da decisão final.

Importante é repetir que qualquer inquérito judicial, e não somente esse que envolve o presidente da República, deve ser realizado com extrema discrição, evitando-se o alarido ou a divulgação de seu conteúdo, porque se corre o risco de tornar irreversíveis os danos, mesmo no caso de uma eventual condenação.

O Direito brasileiro não acolhe a tese da pena perpétua, por isso não se deve perder de vista que algumas acusações tornadas públicas antes do exercício de plena defesa afetam de tal forma a imagem do acusado que dela nunca mais se livrará. Por isso soa como uma condenação para sempre.

Talvez esteja na hora de começarmos a dizer, além de “fora Lula” e “fora Temer”, um outro “fora”: o fora à idolatria aos holofotes. Os inquéritos, repita-se mais uma vez, são dirigidos aos juízes e tribunais, e não às televisões, jornais e rádios. Conduta inversa apenas debilita o Estado.

*Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo com o título Não à idolatria aos holofotes.

Fonte: Conjur