O cenário parecia de guerra. As ruas de Brasília, na tarde desta quarta-feira (24), foram tomada por milhares de manifestantes que se mobilizaram pedindo a renúncia do presidente da República, Michel Temer (PMDB) e protestavam contra a reforma trabalhista.
Quando os ânimos se alteraram, a Polícia Militar tentou dispersar parte dos integrantes do protesto com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral logo após o grupo ter destruído persianas e vidraças de pelo menos cinco ministérios, e atear fogo no da Agricultura. Ele havia sido cercado por tapumes, mas, mesmo assim, teve os vidros quebrados e foi incendiado. Os prédios foram evacuados como medida de segurança.
Banheiros químicos foram usados por manifestantes como escudo depois que policiais partiram para o ataque.
Diante da situação de caos total, o presidente Michel Temer autorizou o emprego das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios e nas ruas de Brasília em um decreto que foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União de hoje e se estende até o dia 31 de maio.
Tudo que ocorreu hoje na capital federal não se assemelha aos eventos que antecederam o Golpe de Estado no Brasil em 1964?
No dia 31 de março daquele ano, militares contrários ao governo de João Goulart (PTB) – vice-presidente que assumiu a presidência após a inesperada renúncia de Jânio Quadros (PTN), em 1961 – o destituíram e assumiram o poder por meio de um golpe.
A posse de Goulart foi bastante conturbada e só foi aceita pelos militares e pelas elites conservadoras depois da imposição do regime parlamentarista.
Em 1964, a sociedade brasileira se polarizou. As classes médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram contra o governo e abriram caminho para o movimento golpista.
O governo comandado pelas Forças Armadas durou 21 anos e implantou um regime ditatorial. A ditadura restringiu o direito do voto, a participação popular e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição.
Cinquenta e dois anos se passaram e ao que tudo indica o rumo da política brasileira parece ter a mesma direção. O primeiro passo já foi dado: o Exército está nas ruas!