Executivos da Camargo Corrêa se entregam; presos da Lava Jato são 23

Ex-diretor da Petrobras volta a ser preso
Ex-diretor da Petrobras volta a ser preso

Após as prisões de três executivos da empreiteira Camargo Corrêa, aumentou para 23 o número de presos  da sétima fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal.

Os três dirigentes da Camargo Corrêa – o presidente Dalton dos Santos Avancini; o presidente do Conselho de Administração, João Ricardo Auler; e o vice-presidente da empresa Eduardo Hermelino Leite – se entregaram à PF em São Paulo (os dois primeiros neste sábado e o último na sexta) e seriam levados para Curitiba, onde estão todos os demais presos. Contra os dois primeiros, os mandados judiciais são de prisão temporária (cinco dias, renováveis por mais cinco); contra o último, o mandado é de prisão preventiva (sem prazo determinado).

O advogado de Avancini e de Auler, Celso Villardi, afirmou que as prisões eram “desnecessárias” e que fará um pedido de habeas corpus para obter a libertação dos dois. “Pretendo conversar com o juiz [Sérgio Moro] porque a prisão dos meus clientes é desnecessária. As provas estão colhidas e não tem sentido mantê-los presos”, disse ele, referindo-se ao cumprimento, na sexta (14), de mandados de busca e apreensão na sede da Camargo Corrêa e nas casas de Auler e Avancini. O G1 tentou, mas não conseguiu, contato com o advogado de Eduardo Hermelino Leite.

A sétima fase da Lava Jato teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras, que apenas com a Petrobras têm contratos que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob avaliação da Receita Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos 85 mandados em cidades do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal do Paraná, responsável pelas investigações.

Bloqueio de bens
Segundo a PF, os envolvidos responderão, de acordo com suas participações no esquema, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, foi decretado o bloqueio de aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. Além disso, o juiz federal Sérgio Moro, que está julgando a Lava Jato na primeira instância, autorizou o bloqueio integral de recursos financeiros de três empresas que seria de propriedade de um dos operadores do esquema criminoso.

As buscas e apreensões feitas nesta sexta, explicou a assessoria de imprensa da Receita Federal, servirão para promover eventuais ações fiscais em decorrência de supostos pagamentos de serviços que possam não ter sido prestados, como “assessorias” ou “consultorias”. Conforme a Receita, os valores desses supostos serviços, contabilizados como “custos operacionais”, reduziriam de forma fraudulenta a base de cálculo de tributos.

Contratos suspeitos
Os principais contratos da Petrobras sob suspeita são a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que teria servido para abastecer caixa de partidos e pagar propina, e o da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, da qual teriam sido desviados até R$ 400 milhões.

Segundo depoimento de Paulo Roberto Costa, o PT recolhia para o seu caixa 100% da propina obtida em contratos das diretorias que a sigla administrava, como, por exemplo, as de Serviços, Gás e Energia e Exploração e Produção. Na delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento contou que, se o contrato era de uma diretoria que pertencia ao PP, o PT ficava com dois terços do valor e o restante era repassado para a legenda aliada. Os partidos negam as acusações.

 

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