Ao discursar na sessão plenária desta quarta-feira (19), na Assembleia Legislativa do Maranhão, o deputado Adelmo Soares (PCdoB) fez severas críticas às recentes declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante entrevista à imprensa, em que insultou a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo. Na tribuna, o parlamentar condenou ainda o abandono e o descaso do governo federal com as BRs cujos trechos perpassam o Maranhão e que “se encontram em péssimo estado, prejudicando o trânsito nas rodovias”.

O deputado citou também a manifestação de motoristas ocorrida na manhã de terça-feira (18), nas imediações do município de Miranda do Norte, às margens da BR-135, principal via de acesso à capital maranhense. Os motoristas mobilizaram-se para denunciar às péssimas condições da rodovia, que se encontra esburacada em toda a sua extensão.

“Infelizmente, mais uma vez, o presidente da República abandona o Maranhão. Nós todos soubemos das manifestações ocorridas ontem, na BR-135, pois é uma via por onde passamos em nossas viagens aos municípios maranhenses. Logo, também sabemos da necessidade da imediata recuperação daquela estrada. Convoco todos os pares para denunciarmos isso junto à bancada dos deputados federais maranhenses, para que possamos cobrar do governo, de forma que o povo do Maranhão possa exercer o seu direito de ir e vir da melhor maneira possível”, frisou Adelmo Soares.

Sobre a jornalista ofendida por Bolsonaro com insinuações sexuais sobre o seu trabalho, o parlamentar lamentou a postura machista do presidente e enfatizou que o ataque foi motivado pelo depoimento da repórter na CPI das Fake News.

Soares também criticou o recente caso de assédio ocorrido na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na tarde do último domingo. O caso diz respeito a uma jovem de 17 anos que se deslocava para a casa de uma amiga, quando foi abordada por um motorista de aplicativo que a transportava ao seu destino. Ao perceber que estava sendo assediada, ela começou a gravar o diálogo com a câmera do celular virada para seu rosto. Ao término da viagem, a menina denunciou o perfil do motorista no aplicativo e registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia da Mulher de Viamão. A empresa de aplicativo informou que o colaborador teve a conta banida e não atua mais na plataforma.

“De maneira machista, caros colegas, ele tentou reverter a situação, alegando que a menina incitava o sujeito por estar usando um short ‘tipo Anitta’. Ora, companheiros, é esse tipo de comportamento que o nosso presidente propaga ao ofender mulheres como faz usualmente. É especialmente com esse tipo de comportamento que temos que nos preocupar, pois não podemos deixar a população pensar que essa é uma postura normal. Não podemos permitir essa cultura do estupro se disseminar. O Carnaval está muito próximo e muitas pessoas ainda não têm a consciência de que nesse momento torna-se importante a frase usada em campanhas contra o assédio: ‘Não é não’”, concluiu.