Saúde Mental: quebrando tabus

Carlos Lula, Secretário de Saúde do Estado

Por Carlos Lula

Os cuidados preventivos com a saúde física nos são passados de geração para geração. Desde criança ouvimos vários alertas – “não ande descalço”, “não saia na chuva”, “beber suco de laranja previne gripes e resfriados” – as recomendações sem fim viram listas enormes. De outro lado, por qual motivo não temos o mesmo cuidado com a nossa saúde mental? Por que persiste a visão equivocada e, por vezes, preconceituosa que banaliza a importância de lidar com as emoções?

Este mês, umas das campanhas da Saúde que ganha destaque é o Janeiro Branco. Ainda nova no calendário brasileiro, a proposta pretende mobilizar a sociedade para a importância de cuidar da saúde mental, tema ainda permeado de preconceito e tabus. Por isso, o principal desafio é fazer com que a população entenda o que é este conceito.

O processo de construção da saúde – ou do seu oposto, a doença – é influenciado por diversos aspectos individuais, familiares e socioculturais. Está tudo interligado e tudo influencia sua capacidade de lidar com emoções, frustrações.

Quando o assunto vem à tona, a maior parte das pessoas logo confunde saúde mental com doença mental. “Saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade”, diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). É algo muito além da ausência de doenças mentais.

Não somente as pessoas que estão em algum tipo de sofrimento mental precisam de ajuda psicológica. Para os depressivos, dependentes ou com alguma outra patologia mental, o cuidado deve ser imediato e obrigatório, porém para o restante da população a ajuda é necessária. Ao mesmo tempo em que buscamos desenvolver ações preventivas bem definidas, cabe a nós, gestão pública, otimizar o tratamento na rede estadual no Maranhão.

A Rede Estadual de Saúde Mental é composta por dois Centros de Atenção Psicossocial: o CAPS Álcool e Drogas (CAPS AD) e o CAPS III – Bacelar Viana, com funcionamento 24 horas. Os usuários também contam com a Unidade de Acolhimento (UA) e três Residências Terapêuticas (RT), além do Hospital Nina Rodrigues.

Em 2017, o governador Flávio Dino anunciou concurso público com mil vagas, incluindo psicólogos e médicos especialistas em psiquiatria. Devolvemos, ainda, os recursos destinados para investimentos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) a dez municípios maranhenses: Alcântara, Alto Alegre, Icatu, Matinha, Mirador, Palmeirândia, Raposa, Santo Antônio dos Lopes, São Domingos do Maranhão e São João Batista.

Com investimento anual no valor de mais de dois milhões de reais, pretendemos contribuir com a reestruturação da Rede de Atenção Psicossocial, no qual os CAPS desempenham um papel no processo de recuperação de dependentes químicos.

É sempre bom lembrar: todas as pessoas podem apresentar sinais de sofrimento psíquico em alguma fase da vida. Buscar auxílio não é o mesmo de perder o controle da sua vida, mas sim assumir este controle. É compreender que existem situações que fragilizam, frustram, ferem e precisamos buscar formas de lidar com elas da melhor maneira possível. Continuaremos a encontrar desafios, mas precisamos tocar no assunto com franqueza e sem preconceitos.

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