No Hospital São Domingos, médicos são reis e enfermeiros são plebeus!

Dr. Hélio Mendes, dono do hospital. Foto reprodução: Blog Hospital de Base
Dr. Hélio Mendes, dono do hospital. Foto reprodução: Blog Hospital de Base

A denúncia feita pelo Blog Hospital de Base partiu de dentro dos corredores do próprio hospital do Dr. Hélio Mendes. Enfermeiros e outros profissionais estão se sentindo prejudicados com o tratamento exclusivo dado aos médicos.

Enquanto os demais funcionários são obrigados a estacionar distante da entrada e caminhar no sol quente ou debaixo de chuva, os médicos tem espaço exclusivo com o que há de melhor em termo de estacionamento. O hospital impede que os funcionários, inclusive enfermeiros, estacionem nos locais reservados aos médicos.

Como se não bastasse o estacionamento exclusivo, a soberania dos médicos do estabelecimento não para por aí. Os salários pagos aos médicos, conforme denúncia, são altíssimos chegando a R$ 50 mil por mês na emergência, enquanto os enfermeiros não recebem mais do que R$ 2 mil para trabalharem o dobro que o médicos trabalham.

Além disso, médicos tem regalias com acomodações para repouso exclusiva, com total conforto, lanches e frutas à vontade uma verdadeira vida de reis. E os enfermeiros, vivem como uma plebe, sem locais para repousar e sem um salário digno para a classe.

O que era para ser uma classe bem paga, diante  da importância dos mesmos aos pacientes e ao hospital, na verdade é quem sofre com a discrepância sem limites. Enfermeiros estudam quatro anos na faculdade, especializam-se, dão o melhor de si porém, não são reconhecidos em suas profissões.

Como vemos, em um dos Hospitais dos Barões da Saúde vive bem quem já é barão!

Do Blog Hospital de Base

3 comentários em “No Hospital São Domingos, médicos são reis e enfermeiros são plebeus!”

  1. 8 anos atrás  

    Para quem ainda não entendeu a vida de um ENFERMEIRO, tem que ter muito amor,viu?!
    É muito indigesto ouvir comentários do tipo: “Nossa, fez 5 anos de faculdade pra trocar fralda!”, ou “Vc é bom, pq não faz medicina”, ou ver uma novela das 21 tratando os enfermeiros como parasitas que nada fazem, além de “enfeitar” o hospital. Pois bem, sei que muita gente não faz a menor ideia do que ocorre dentro de um hospital, e achei por bem fazer essa espécie de “diário de um enfermeiro”, para que todos entendam como é de fato o nosso dia de trabalho:
    Normalmente a galera da enfermagem acorda às 5 da manhã pra bater ponto às 7 e render os colegas que já estão massacrados após uma jornada cruel de trabalho.
    Ao chegar no setor, seja ele UTI, emergência ou clínica médica o enfermeiro já começa a avaliar os pacientes, observa quem está mais grave, faz escala de técnicos, confere prescrições, checa quem vai pra TC, pra cirurgia, pra ressonância, enfim, o dia já começa à 220W. Boa parte dos pacientes de UTI são politraumatizados bem ferrados mesmo, a clínica médica abarrotada de homens e mulheres, idosos com múltiplas úlceras, e a emergência, bem, se vc conseguir colocar todos os pacientes em macas, sinta-se vitorioso!
    Enfim, durante a manhã vc está lá, ajudando nos banhos dos pacientes graves, checando medicações e procedimentos pendentes, levando pacientes para a TC, quando de repente, vem a primeira parada do dia, um vozinho em pós-operatório de AVE hemorrágico, e vira aquele corre corre, e puxa carrinho, prepara adrenalina, mas o vô não aguenta e morre, eis que vc prepara o primeiro corpo do dia. Mas vc não se abate, outros pacientes da UTI estão graves, e precisam da sua assistência. É tanto trabalho, que normalmente só conseguimos sentar na hora do almoço, mas, a cirurgia geral chega na hora e diz “prepara o paciente do leito 1 pra traqueostomia, e fica aí pra me auxiliar”, daí, vc engole a fome, e vai lá, e seu almoço fica pra mais tarde.
    Enquanto isso na pediatria, uma criança com meningite morre, depois de 1 mês de internação, lá fora, estão os pais dela, aos prantos, inconsoláveis por perderem a filha única de 4 meses. Lá dentro, a equipe de enfermagem está engolindo o choro, a frustração, desligando os aparelhos e preparando mais um corpinho. Gente, vocês não fazem ideia da dor que é lidar com uma morte assim, mas ter de juntar os pedaços pra encarar o resto do plantão, ainda falta umas 20hs de muito trabalho pela frente…
    Um andar acima, na clínica médica, o enfermeiro está lá, com uns 50 pacientes, fazendo curativo em úlceras de decúbito desde às 8 da manhã, resolvendo todos os pepinos possíveis e inimagináveis, quando ele senta pra tentar aprazar as prescrições (reparem que já passa das 13hs!), alguém grita lá no fim do corredor “Enfermeiro, os pacientes da enfermaria X estão agitados e arrancaram as sondas”, e lá vai o enfermeiro repassar SNE em todo mundo, recalcular tempo de dieta e tal. Lá pelas 23hs, quando vc pensa que a paz irá reinar, um paciente psiquiátrico tenta levantar sozinho e cai do leito. Ai vc corre, mas não tem médico no setor para solicitar Raio X, se vira nos 30! Acreditem em mim quando digo, na clínica médica, acontecem imprevistos o dia inteiro…
    Mas a cereja do bolo está na emergência. Lá pelas 22hs, só tem 1 médico na emergência, que somente irá atender casos muito graves. O enfermeiro do acolhimento é obrigado a estar na linha de frente para dizer quem vai ou fica, mas o povo não entende, ameaçam de morte e o caramba …Por volta das 2hs da manhã chegam um paciente usuário de cocaína, em PCR (parada cardiorrespiratória) após overdose, e um jovem vítima de PAF torácico (para os leigos, levou um tiro no peito). E é aquela correria, massageia, ventila com ambú, médico entuba, leva o baleado pro centro cirúrgico, e notícia triste: “Enfermeiro, não tem ventilador pro rapaz da overdose, já estão todos em uso na sala vermelha”, o enfermeiro então, vai mantendo o rapaz em ambú até que outro ventilador chegue no setor, ou consiga a transferência, e isso pode levar horas, o cansaço é avassalador…. As 5 da manhã já começam a ser colhidas as rotinas laboratoriais, os balanços hídricos começam a ser fechados e checados, como um bom enfermeiro, vc verifica tudo para que não existam pendências de uma equipe para outra. Às 6 da manhã, o menino da overdose, que tinha uns 16 anos, faz uma quarta PCR, e seu coração não resiste, ele vai à óbito. Às 7hs da manhã, você já passa o plantão visivelmente esgotado. Aí, você junta suas coisinhas e vai pro outro hospital, encarar mais 12hs ou 24hs de plantão, tentar fazer uma graninha extra, porque a rede pública e privada costumam pagar muito mal. Depois de umas 48hs no ar, você vai pra casa, tentar dormir e curtir um pouco a sua família, pq no dia seguinte, lá estará vc novamente, numa longa jornada de trabalho. Confesso à todos, que mesmo em casa, já cansei de dormir ouvindo bombas e monitores alarmando, é desesperador! Mas enfim, somos apenas enfermeiros né?! O único momento em que seremos lembrados, é quando algum colega de profissão tragicamente administrar vaselina na veia de um paciente, viramos escárnio público pelo erro de UMA pessoa. Não sei, mas tenho a sensação de que metade das pessoas que criticam, não aguentariam fazer o nosso trabalho por mais que 30 minutos, afinal, para lidar com a dor e a doença alheia, até onde sei, é preciso conhecimento que vai muito além de saber trocar fraldas…

  2. 8 anos atrás  

    Enfermagem bacharelado e 5 anos só de graduação sem contar em pós, mestrado e bla bla bla focando em algumas leis que são descumpridas tipo (RESOLUÇÃO COFEN-256/2001″Art. 1º Autorizar aos Enfermeiros, contemplados pelo art. 6º, incisos I, II, III, IV, da Lei 7.498/86, o uso do título de Doutor…. poucas unidades de saúde em São Luis-MA que respeita o Enfermeiro como Doutor independente do Doutorado ou não; Com a Resolução COFEN n. º 276/01 o profissional enfermeiro apenas legalizou uma prática que tem sido questionada e criticada por outros profissionais, sem que sequer tenham argumentos legais que impeçam os enfermeiros de utilizarem o título. isso e uma vergonha pode ser chamado de Doutor não usar o dote de excelência quando usa é criticado em muitas unidades de saúde do maranhão e o salario e muito pouco já vi enfermeiros que passaram 5 anos na faculdade mais 2 anos de pós tem mestrado etc.. e ainda ganhar 1800Rs, 36hs Semanais… que vergonha isso, e o Coren não vejo fazer nada……

  3. 8 anos atrás  

    Cofen reconhece direito de enfermeiro usar título de “doutor”

    BRASÍLIA/VALE DO ASSU – A partir de agora a classe dos enfermeiros poderá, a exemplo de outros profissionais tais como médicos, advogados, engenheiros e outros, usar o título de “doutor”. Autorização neste sentido foi dada por meio da resolução número 256/2001, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em Brasília. O órgão federal considerou que “o uso do título de doutor tem por fundamento procedimento isonômico, sendo em realidade, a confirmação da autoridade científica profissional perante o paciente ou cliente”.

    Além disso, o Cofen entendeu que “o título tem por fundamento praxe jurídica do direito consuetudinário, sendo o seu uso tradicional entre os profissionais de nível superior”.

    O organismo classista interpretou, também, que “a exegese jurídica, fundamentada nos costumes e tradições brasileiras, tão bem definidas nos dicionários pátrios, assegura a todos os diplomados em curso de nível superior, o legítimo uso do título de doutor”. O Cofen observou ainda que “a não-utilização do título de doutor leva a sociedade e mais especificamente a clientela, a que se destina o atendimento da prática da enfermagem pelo profissional da área, a pressupor subalternamente, inadmissível e inconcebível, em se tratando de profissional de curso superior”.

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