A crise na Federação Maranhense de Futebol (FMF) saiu dos bastidores e chegou ao Judiciário. O Ministério Público do Maranhão (MPMA), por meio das promotoras Elo Costa e Doracy Moreira Reis Santos, ingressou com uma Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência para afastar o presidente da entidade, Antônio Américo, e outros 16 dirigentes envolvidos em irregularidades administrativas e financeiras.
Além da FMF, a ação também atinge o Instituto Maranhense de Futebol (IMF), usado pela federação para movimentar recursos em meio a bloqueios judiciais por dívidas trabalhistas e fiscais. O MP aponta que essa prática favoreceu uma gestão paralela e opaca, que chegou ao extremo de manter dinheiro vivo guardado na sede da entidade — o que teria resultado, inclusive, em um assalto milionário em 2012.
A investigação foi motivada por denúncias de clubes filiados, como o Pinheiro Atlético Clube, que relataram anomalias em assembleias realizadas em janeiro. Segundo o MP, a FMF descumpriu obrigações básicas de transparência: não publicou o estatuto social atualizado, atas de assembleias e os balanços financeiros exigidos por lei.
Mesmo notificada, a entidade seguiu descumprindo as regras de publicidade, com o site institucional fora do ar em diversas ocasiões. Para o Ministério Público, esse comportamento fere princípios constitucionais e justifica o pedido de afastamento imediato dos dirigentes, inclusive do presidente Antônio Américo.
Apesar de alegar que não recebe verbas públicas e que os recursos vêm exclusivamente da CBF — cerca de R$ 121 mil mensais —, a FMF, segundo o MP, segue submetida à legislação esportiva e aos deveres de transparência e boa governança.
Agora, a decisão está nas mãos da Justiça de São Luís, que analisará o pedido de afastamento cautelar dos dirigentes, além da responsabilização civil por uma gestão marcada por omissões, manobras e falta de controle.