Carta à população do Maranhão sobre a vacinação contra Covid-19 em crianças

Foto Reprodução

Por Maria dos Remédios Branco

Diante das dúvidas em relação ao tema, as Sociedades Científicas citadas e dezenas de professores universitários e médicos especialistas vêm a público trazer informações (e não opiniões) recolhidas não só de estudos científicos iniciais mas, além disso, com dados de mundo real.

Contexto

Durante DÉCADAS os cientistas exploraram as possibilidades do RNA mensageiro (mRNA), que é a plataforma utilizada pela vacina da Pfizer/BioNTech. Ensaios clínicos de vacinas de mRNA contra doenças virais, incluindo Zika, dengue, Ebola, citomegalovirus, influenza e infecção por raiva, provaram a capacidade dessa nova abordagem de provocar respostas imunes potentes e amplamente protetoras.

Compreensivelmente, devido à aplicação recente, observa-se que, obviamente, a maioria dos profissionais de saúde carece de conhecimento técnico para responder às dúvidas e preocupações dos indivíduos sobre a vacina de mRNA COVID-19. Isso é um fator importante que cria desconfiança entre as pessoas, incluindo profissionais de saúde.

Na era da internet, o crescimento de alguns movimentos incentiva as pessoas a rejeitarem o conselho de um perito ou a segui-lo de maneira seletiva, o que causa excesso de confiança no seu próprio conhecimento amador. Descrente, desconfiada e ávida por informação, a população se torna PRESA FÁCIL de movimentos antivacina e de notícias falsas (fake news) compartilhadas em redes e grupos sociais, receita para a crescente HESITAÇÃO de vacinar a si e aos seus (SBP 2021).

1) Como age a vacina de mRNA da Pfizer?

A vacina da Pfizer utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). A célula humana produz mRNA naturalmente, que atua na produção de todo tipo de proteína para o corpo. A vacina em questão é um mRNA sintético que produz uma proteína do vírus da COVID-19. A partir daí, o processo é o mesmo das outras vacinas. O sistema imune reconhece esta proteína e começa a fabricar uma resposta de defesa específica contra ela, que será acionada quando o corpo entrar em contato com o vírus.

É importante deixar claro que a molécula de mRNA da vacina NÃO é capaz de inserir outra informação em seu material genético. Depois que as proteínas semelhantes ao vírus são produzidas, o mRNA sintético É DECOMPOSTO pela célula e ELIMINADO, restando apenas as células de defesa e os anticorpos específicos com o vírus da COVID-19.

2) Qual é a segurança da vacina de mRNA da Pfizer?

O tempo curto com que estas vacinas foram disponibilizadas durante a pandemia deveu-se ao fato de a tecnologia já ter sido estudada para outras vacinas há décadas, como citamos acima, e ao GRANDE INVESTIMENTO financeiro e intelectual que foi feito para desenvolvê-las e testá-las.

Indo direto ao ponto no que mais preocupa os pais e que, por conta disso, mais é explorado pelos “terroristas digitais”, temos a destacar abaixo o texto do próprio Ministério da Saúde de onde pode se extrair demais referências sobre o tópico: “… nenhuma interação ocorre entre o mRNA citosólico e o genoma, e as vacinas de mRNA permanecem fora do núcleo da célula. Dessa forma, as vacinas de mRNA mostram-se incapazes de integração do genoma humano e modificação genética.”

(NOTA TÉCNICA DO MINISTÉRIOS DA SAÚDE do Brasil Nº 2/2022-SECOVID/GAB/SECOVID/MS)

Em outras palavras e intencionalmente com redundância acrescentamos: “com essas vacinas a tradução do mRNA ocorre no citosol da célula hospedeira evitando o risco de qualquer tipo de integração no genoma do hospedeiro.”

O risco de miocardite é real, mas felizmente bem menor do que o risco da própria miocardite e de hospitalização por COVID-19 nesta faixa etária. Em 8,7 milhões de doses aplicadas nos EUA em crianças entre 5 e 11 anos de idade, apenas 12 (0,0001%) tiveram miocardites leves e todas se recuperam bem.

Nenhum óbito foi atribuído à vacinação. A cada 1 milhão de crianças vacinadas, que cabem em 22 estádios de futebol como o Maracanã, uma terá uma leve miocardite. Na verdade, com o espaçamento entre as doses de 8 semanas que está sendo aqui praticado estima-se que esse risco será menor ainda. Por outro lado, em 2020 e 2021, no Brasil a cada um milhão de crianças entre 5 e 11 anos de idade, quatorze (14) foram a óbito por COVID-19 (Relatório do CTAI 23/12/2021) e 70% das internações foram em crianças sem comorbidades (SBP, 2022).

3) Depois de vacinado, em quanto tempo ainda podem ocorrer reações graves?

Os eventos adversos graves que podem ocorrer RARAMENTE vários dias após a aplicação, surgem na verdade por ação do sistema imunológico que foi estimulado e não pela vacina em si (que não se incorpora ao nosso DNA). Sendo assim, um prazo de 3 meses de observação de milhões de pessoas vacinadas já nos deixa seguros, pois, pelo que se entende hoje de imunologia e pela história da vacinação do homem, não se espera outros efeitos depois deste período. Felizmente já temos essa segurança. Então, já podemos avançar.

Até o presente momento, não identificamos casos de anafilaxia (reação alérgica grave e imediata) em pacientes de 5 a 11 anos que receberam a vacina da Pfizer nos países que já iniciaram a imunização desta faixa etária.

Nunca em toda história da humanidade as vacinações foram tão VIGIADAS de forma sistemática, científica e lógica em busca de seus potenciais danos que possam minimizar seu uso em benefício do planeta. A ANVISA e outras agências reguladoras seguem rígidos critérios internacionais em relação à segurança das vacinas.

Pelo menos 40 países já iniciaram a vacinação contra a COVID-19 em crianças entre 5 e 11 anos, entre eles: Estados Unidos, Canadá, Comunidade Europeia, Austrália, Singapura, Suíça e Reino Unido.

4) Sobre a Coronavac

É uma vacina de vírus inativado (“morto”). A vacina influenza (H1N1) que tomamos todos os anos é feita com a mesma tecnologia. A vacina contra hepatite B, que é aplicada em todas as faixas etárias, incluindo recém nascidos, também. Temos décadas de experiência com vacinas feitas desta forma e a segurança é enorme. Já a sua eficácia costuma ser melhor nas crianças e mais limitada em idosos.

Foi aprovada pela ANVISA e será adotada para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, exceto para aquelas com comprometimento do sistema imunológico (Câncer, HIV, uso de drogas que baixam a imunidade), pois a eficácia dela não foi comprovada nestas situações.

Estudo do CHILE (antes da circulação da variante ômicron) com 2 milhões de crianças de 6 a 16 anos de idade mostrou efetividade de 90,24% contra hospitalização por COVID-19, comparando-se vacinados e não vacinados.

Dados do mesmo país nos mostram que a grande maioria dos eventos adversos são leves. O evento adverso grave mais frequente foi a alergia com o risco de 0,00027%.

5) Considerações finais

Diante do exposto, recomendamos fortemente a imunização contra a COVID-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade com as vacinas aprovadas pela ANVISA e adotadas pelo Ministério da Saúde.

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